Perante o exposto, a contribuição do psicólogo deverá estar pautada numa abordagem que inclua os seguintes pressupostos:
1- Técnicas de relaxamento
Tem o objectivo de aliviar as tensões musculares, tranquilizar a mente, exercitar a respiração abdominal com o intuito de revitalizar todo o organismo e controlar o stress. Deverão ser sugeridas uma variedade de técnicas para que o paciente escolha aquela, com a qual consegue atingir o objectivo - reduzir tensões. Instruir o sujeito de maneira a que se torne pratica habitual nas suas actividades diárias.
2- Técnicas de sensibilização
As técnicas de sensibilização são aplicadas como forma de despertar o paciente para o uso dos seus próprios recursos no combate à dor (saindo de uma posição passiva para colaborar activamente no seu tratamento – proactividade). Desenvolver a sua percepção com o objectivo de que possa relacionar os acontecimentos da sua vida emocional com os seu corpo (as questões emocionais afectam directamente o nível das suas dores). Portanto são motivados para a necessidade imperial de abrirem espaço nas suas vidas para a psicoterapia.
3- Técnicas de visualização
São um grande trunfo que os psicólogos têm nas mãos; ajudam o paciente a aumentar as suas resistências físicas e psíquicas; preparam-no para que o paciente possa perceber os momentos difíceis através de outra óptica, deixando-o mais relaxado e confiante, o que resultará no reforço das suas defesas imunológicas. A imaginação, como a emoção, é responsável por libertar na corrente sanguínea, hormonas relaxantes ou estimulantes. Estes fazem com que os níveis de linfócitos T ou de imunoglobulina sanguínea aumentem, reforçando assim as defesas do organismo ou seja do Sistema Imunológico. A Psiconeuroimunologia considera que existem conflitos emocionais subjacentes à doença. Levar o paciente a identificar sentimentos, visualizar a sua dor , criar formas mentais de lidar com a mesma e combate-la, é tão eficiente como os processos da medicina convencional (medicamentos). Tem sido apresentados inúmeros relatos de sucesso com a aplicação desta técnica até no cuidados de pacientes com doenças oncológicas. (Simonton, 1987).
4- Orientação familiar
O Psicólogo pode auxiliar e informar no esclarecimento deste síndrome e sobre as limitações que este impõe, junto a familiares e pessoas significativas. Assim como a família pode não reconhecer o desconforto do paciente, pode também super valorizá-lo; o paciente pode por sua vez, apresentar o mesmo movimento, maximizando a sua dor por conveniência, fazendo-se de vítima, ou, revoltando-se por não sentir o seu sofrimento respeitado.
5- Psicoterapia
A abordagem deve ser grupal, semanal, com número médio de 7 pacientes, tendo a Fibromialgia como elo de ligação entre os seus participantes. O período de actividade dos grupos gira à volta dos 8 meses. Embora o foco seja o síndrome, todas as outras questões de vida surgem na dinâmica da interacção grupal. Estes pacientes necessitam que os médicos e os terapeutas lhes dêem “permissão” para que não sejam tão rígidos consigo próprios (Voeroy , 1993) .
6- Outros Tratamentos
O biofeedback permite ao paciente exercer um controlo voluntário sobre as suas funções corporais. Tem ainda por objectivo diminuir a ansiedade e a tensão e, como tal, diminuir a dor. Como o condicionamento operante está relacionado com o aumento da percepção da dor, também pode ser usado como parte do tratamento para reduzir a dor. Alguns aspectos deste tratamento tem por objectivo reforçar positivamente o comportamento de adesão e de ausência de dor, diminuindo, portanto, os ganhos secundários e a dor. Uma abordagem cognitiva ao tratamento da dor envolve factores como a diversão da atenção (isto é, encorajar o indivíduo a não se concentrar na dor) e imagética (isto é, encorajar o indivíduo a ter pensamentos positivos e agradáveis). Ambos os factores parecem reduzir a dor. Também tem sido demonstrado que a hipnose clínica reduz a dor. No entanto , não está perfeitamente claro que isto faça simplesmente parte do desvio da atenção ou não. Alguns pacientes, numa reunião de doentes com Fibromilagia – a Myos realçaram o papel das medicinas alternativas no alívio de alguma sintomatologia física, nomeadamente a acupunctura e o shiatsu.
7- Clínicas multidisciplinares de dor
Recentemente, tem sido fundadas clínicas de dor que adoptam uma abordagem multidisciplinar para o seu tratamento, e eu visam abordar os factores que causam ou exacerbam a dor. Os objectivos propostos incluem:
· Melhorar o funcionamento físico e estilo de vida: envolve melhorar o tonus muscular, a auto-estima, a auto-eficácia e a distracção e reduzir o aborrecimento, o comportamento de dor e os ganhos secundários.
· Diminuir a dependência dos medicamentos e serviços médicos: tem por objectivo aumentar o controle pessoal e a auto-eficácia e reduzir o comportamento de doente.
· Aumentar o apoio social e a vida de família: tem como objectivo aumentar o optimismo e distracção, diminuir o aborrecimento, a ansiedade, o papel do de doente e os ganhos secundários.
A DOR - Uma entidade clínica "de pleno direito"
“Para os seres humanos, a dor é um flagelo mais terrível do que a própria morte”
(Albert Schweiter)
“A dor é uma experiência sensorial e emocional suscitada por uma lesão tecidual, real ou potencial, ou que pode ser caracterizada pelas, manifestações próprias de tal lesão.”
“A dor é sempre uma sensação subjectiva.”
(IASP-Associação Internacional de Analgesia, 1979)
“Na Europa, a dor é um problema grave para a saúde pública. Muito embora seja lícito considerar a dor aguda como sistema de uma doença ou de um lesão, a dor crónica e recorrente constitui um problema específico de saúde, de tal modo que pode ser considerada como doença clínica independente.”
(Declaração da EFIC a respeito da dor como problema grave de saúde, e como entidade clínica própria, 2001)
domingo, 21 de setembro de 2008
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