domingo, 21 de setembro de 2008

Reacções comportamentais na Fibromialgia

O reconhecimento das faces do problema As reações comportamentais dos pacientes que têm que lidar com os sintomas da fibromialgia tem influência direta na evolução das manifestações. A sensação constante de não estar bem, a dor, a fadiga, os distúrbios do sono, a dificuldade de concentração e o estresse são difíceis de lidar. O paciente responde freqüentemente a essas sensações com atitudes negativas como raiva, perda da auto-estima, angústia, culpa, medo ou até as utiliza como ganho secundário. Isso ocorre porque não há nenhum marcador clínico para sua patologia, o que faz com que o paciente não seja levado a sério pelas outras pessoas.
A ansiedade está presente em 70% dos casos e se manifesta por palpitações, respiração suspirosa, tontura, sudorese, tremor, dor torácica, náuseas, calores e até pânico. O paciente deve lançar mão de técnicas de relaxamento que lhe permitam dominar seu corpo e sua mente. Medidas simples são a respiração profunda, tornar o ambiente agradável ou tentar ter uma boa noite de sono.
O rebaixamento da auto-estima decorre do permanente sofrimento físico e da fadiga e repercute no desempenho profissional, comunitário e familiar do indivíduo. É importante que o paciente adote medidas simples como direcionar-se para uma meta e para atividades gratificantes, reconhecer as próprias conquistas e evitar os pensamentos negativos na medida do possível.
A persistência dos sintomas pode desencadear sentimentos de raiva no paciente com fibromialgia. Isso só serve para agravar a tensão muscular. Recomenda-se que o paciente não perca de vista o senso de realidade, que reconheça as questões que independem do seu controle e que valorize os aspectos positivos em sua vida. Acima de tudo o indivíduo deve evitar, ao máximo, culpar os outros pelo que se está passando pois a isenção de responsabilidades dificulta o seu tratamento.
A culpa e a vergonha podem ocasionalmente acometer o paciente com fibromialgia, acima de tudo porque suas manifestações não apresentam respaldo objetivo por meio de exames. Sentimentos que acarretem derrota devem ser substituídos por atitudes positivas e construtivas.
A depressão leva o indivíduo a perder o interesse pela vida e pela própria condição. Todos os sintomas descritos acima podem estar associados ao quadro. A deficiência de serotonina no sistema nervoso, que justifica a redução no limiar de dor na fibromialgia, pode também estar envolvida nas manifestações depressivas. Assim sendo, por vezes faz-se necessário o uso de medicamentos que aumentem os níveis de serotonina, no sentido de se melhorar a condição dolorosa e afetiva do paciente. Medidas não medicamentosas, descritas adiante, servem como coadjuvante ao tratamento.
Tendências perfeccionistas são comumente observadas em pacientes com fibromialgia, os quais antes do início dos sintomas eram muito ativos do ponto de vista profissional ou comunitário. Esse quadro deve ser diferenciado do comportamento obsessivo-compulsivo, o qual não se associa com a fibromialgia. A fadiga impede o paciente de realizar as inúmeras atividades às quais ele se propõe e isso gera um temor de sofrer rejeição ou crítica. O indivíduo nessa condição deve adotar técnicas de relaxamento e não se prender a detalhes ou metas muito complexas.

A procura de soluções
A busca de técnicas que diminuam o estresse, aumentem a capacidade do paciente lidar com a fibromialgia, a auto-estima e a capacidade de interação dos pacientes tem sido objeto de interesse de psiquiatras, psicólogos, sociólogos e até de religiosos. Nesse contexto, além da abordagem médica são propostos programas que incluem aspectos educacionais, exercícios físicos, intervenção comportamental e apoio familiar.

Psicoterapia
A psicoterapia é indicada para indivíduos com fibromialgia que mantêm um bom contacto com a realidade , capazes de estabelecer relacionamentos estáveis e com capacidade introspectiva. O indivíduo, por meio da expressão verbal de seus anseios e angústias e vivências do passado, identifica os mecanismos destrutivos presentes em suas ações e pensamentos. Ao invés de ansiedade, raiva e frustrações, são elaborados mecanismos construtivos de lidar, de forma responsável, com problemas como dor, cansaço e estresse, sem obter deles ganhos secundários.

Terapia Cognitiva
A disfunção cognitiva se manifesta como dificuldade de aprendizado, retenção de informações, memória, organização e processamento de idéias e formulação de pensamentos. Essas manifestações ocorrem de forma intermitente na fibromialgia e podem ser abordadas por meio de terapia cognitiva. O terapeuta estimula o paciente a utilizar seus recursos mentais fazendo listas das atividades que terá de executar, colocando lembretes, desenvolvendo mecanismos de reduzir a distração. Ao invés do mal humor e da angústia, que apenas servem para piorar a “fadiga” mental do paciente, este aprende a desenvolver rotinas que o auxiliem em seu desempenho.

Biofeedback
Técnicas de relaxamento também são recomendadas para pacientes com fibromialgia, tendo em vista seu exagerado grau de tensão. Por meio do biofeedback o paciente aprende a controlar sua resposta corporal no sentido de minimizar a ansiedade e controlar os sintomas de dor. São utilizados eletrodos para mensurar a temperatura cutânea, freqüência cardíaca, atividade cerebral e condutividade cutânea (equivalente à tensão muscular). Exercícios respiratórios, imagens e sons relaxantes e rituais de relaxamento favorecem a liberação de endorfinas e diminui a tensão muscular. O biofeedback também auxilia na qualidade do sono e capacidade cognitiva.

Acupuntura
A acupuntura estimula a liberação de endorfinas e diminui a sensação de dor na fibromialgia, porém seus resultados são menos proeminentes, quando comparados com os das técnicas anteriormente citadas. Outras abordagens complementares incluem yoga, meditação, Tai chi.

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