terça-feira, 23 de setembro de 2008

Viver com Fibromialgia

Se não faz ideia o que é viver com Fibromialgia ou Síndrome de Fadiga Crónica, imagine o que é ter dores pelo corpo todo, e sentir-se tão cansada/o e sem energia que tarefas simples como ir às compras se tornam verdadeiramente impossíveis de concretizar. À noite, quando deseja poder descansar um pouco, não consegue dormir, acorda constantemente, tem sonhos vívidos e sente que o sono cansa mais do que se não tivesse dormido. Ao outro dia acorda mais cansada/o do que o que estava, mal se consegue mexer e as dores (que não pararam de noite) continuam presentes e até aumentam. Quando conversa com alguém, de repente esquece-se do que estava a falar ou não se lembra de algo que alguém lhe jura ter acontecido. Tem dificuldade em concentrar-se em tarefas que envolvam a cognição e o intelecto e o seu corpo e mente só lhe gritam que páre. As tarefas que outras pessoas tomam por garantidas passam a ser enormemente difíceis, e não é de admirar que passado algum tempo se comece a sentir deprimida/o. Parece-lhe assustador? E é mesmo. Mas muitas pessoas têm de lidar com esta realidade diariamente, assim como as suas famílias e amigos.
Este blogue tem por objectivos principais divulgar informação sobre fibromialgia e S.F.C. aos doentes e o público em geral e listar várias formas de apoio que os doentes podem encontrar em Portugal. A falta de informação sobre estas doenças é um dos problemas principais com os quais nos debatemos em Portugal por isso todos os esforços são poucos.

domingo, 21 de setembro de 2008

Fibromialgia em crianças e Adolescentes

Descoberta há menos de 20 anos, a síndrome provoca dores pelo corpo e fadiga, atrapalhando a rotina escolar e brincadeiras
Conviver com dores aparentemente inexplicáveis todos os dias e sentir-se cansado e sem energia e dormir mal. Assim é o cotidiano de grande parte dos portadores de fibromialgia, síndrome que afeta cerca de 5% da população mundial e foi identificada apenas na década de 90. Mais recente ainda é a descoberta de que esse problema tão desgastante pode atingir também crianças e adolescentes.
Segundo o Colégio Americano de Reumatologia, 25% dos pacientes apresentam sintomas de fibromialgia desde a infância. Entre esses sintomas, estão as chamadas dores musculoesqueléticas difusas, que atingem músculos e articulações de três ou mais regiões do corpo.
"Calcula-se que 26% das queixas de dores musculoesqueléticas difusas atendidas nos ambulatórios de reumatologia pediátrica enquadrem-se nos critérios para o diagnóstico da fibromialgia", afirma Eliane Battani Dourador, reumatologista do hospital São Luiz, em São Paulo. "A investigação mais minuciosa leva à confirmação de síndrome em mais da metade desses casos."
De acordo com o reumatologista Daniel Feldman, um levantamento israelense aponta que 6,5% das crianças e adolescentes em idade escolar apresentam sintomas de fibromialgia. Os médicos acreditam que a síndrome juvenil seja mais freqüente a partir dos 10 anos de idade. Existem estudos, porém, que indicam que a fibromialgia juvenil pode se manifestar antes dessa faixa etária. Pesquisa publicada em 1995, na revista científica norte-americana "Arthritis Rheumatology", indica que ela afeta 1,3% das crianças em idade pré-escolar que apresentam queixas de dores musculoesqueléticas.
A fibromialgia é mais freqüente em mulheres, e esse padrão repete-se entre crianças e adolescentes. Segundo Clóvis Arthur Almeida Silva, chefe da Reumatologia do Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas de São Paulo, as garotas somam 75% dos casos de fibromialgia juvenil.
Não existe um exame laboratorial que comprove essa síndrome de causas ainda desconhecidas, que se manifesta de forma semelhante em todas as faixas etárias. Os sintomas se assemelham ao de outras doenças, como tendinite, gota, lúpus, hipotireoidismo e esclerose múltipla, o que dificulta o diagnóstico. Mas o principal deles é a dor – localizada ou generalizada –, que persiste por mais de três meses.

De mãe para filho
Pesquisa realizada pela reumatologista Suely Roizenblatt, da Unifesp, indica que há uma predisposição familiar para a fibromialgia, envolvendo principalmente mães e filhos. A médica investigou 120 pacientes, com idade entre dez e 12 anos, que chegavam reclamando de dor no ambulatório de reumatologia pediátrica do Hospital São Paulo (SP). De acordo com ela, 71% das mães das 39 crianças diagnosticadas com fibromialgia juvenil também tinham a síndrome.
Foi a partir do diagnóstico das filhas que Silvia Fidalgo Ferreira, 41, descobriu que era portadora de fibromialgia. Sua filha Camila, 17, reclamava de dores desde os dois anos. "Alguns médicos alegavam que era por causa do crescimento ou até por falta de interesse na escola", afirma a mãe. "Por isso não dávamos muito crédito, mas, com o passar do tempo, percebemos que era algo sério." As dores por todo o corpo, a indisposição e o cansaço interferiam na rotina da garota, que ficava de cama e deixava de ir à escola várias vezes. Em dezembro de 2001, Camila teve a confirmação de que sofria de fibromialgia. Três meses depois, os reumatologistas constataram a síndrome também na irmã, Karina, hoje com 13 anos. Em seguida, foi a vez de a mãe receber o mesmo diagnóstico. "No meu caso, as dores são antigas, concentradas nos braços, e eu achava que poderia ser uma tendinite", afirma ela.
Além da predisposição familiar, especula-se que a fibromialgia esteja relacionada a estresse, ansiedade e traumas emocionais. "Esses problemas podem alterar as funções endócrinas e cerebrais, aumentando a sensibilidade à dor", explica o reumatologista Daniel Feldman.
Foi o que ocorreu com B.M.S.N., 13. Há dois anos ela foi repreendida durante uma aula. "Ela teve uma reação traumática, ficou com medo de ser repreendida novamente e do constrangimento na frente dos colegas", afirma a mãe, D.S.S.N., 44. "Desde então, ela passou a sentir dores, não dormia direito e vivia reclamando de cansaço." Como grande parte dos portadores de fibromialgia, a menina passou por vários médicos antes de a síndrome ser diagnosticada. "Cinco meses depois do diagnóstico, com uso de relaxantes musculares, prática de atividades físicas e o acompanhamento de uma psicóloga, ela já estava melhor", conta a mãe.
Em geral, o tratamento da fibromialgia juvenil é feito por meio de atividades aeróbicas de baixo impacto, como natação e caminhada. Esses exercícios aumentam a produção de endorfina, um neurotransmissor que funciona como anestésico natural e reduz a sensação de dor. Em outros casos, são recomendados acompanhamento psicológico e antidepressivos.
As mães afirmam que, além das dores, que interferem na qualidade de vida, a falta de esclarecimento das pessoas também é um problema enfrentado pelos portadores de fibromialgia. "Para justificar as faltas da Camila, quando ela não conseguia ir à escola, tive que levar um laudo médico detalhado", diz sua mãe. "A diretora não acreditava, dizia que ela era uma menina saudável."

Fonte: Folha de São Paulo - 06/03/2003 De: http://www.fibromialgia.com.br

A contribuição do Psicólogo

Perante o exposto, a contribuição do psicólogo deverá estar pautada numa abordagem que inclua os seguintes pressupostos:

1- Técnicas de relaxamento
Tem o objectivo de aliviar as tensões musculares, tranquilizar a mente, exercitar a respiração abdominal com o intuito de revitalizar todo o organismo e controlar o stress. Deverão ser sugeridas uma variedade de técnicas para que o paciente escolha aquela, com a qual consegue atingir o objectivo - reduzir tensões. Instruir o sujeito de maneira a que se torne pratica habitual nas suas actividades diárias.

2- Técnicas de sensibilização
As técnicas de sensibilização são aplicadas como forma de despertar o paciente para o uso dos seus próprios recursos no combate à dor (saindo de uma posição passiva para colaborar activamente no seu tratamento – proactividade). Desenvolver a sua percepção com o objectivo de que possa relacionar os acontecimentos da sua vida emocional com os seu corpo (as questões emocionais afectam directamente o nível das suas dores). Portanto são motivados para a necessidade imperial de abrirem espaço nas suas vidas para a psicoterapia.

3- Técnicas de visualização
São um grande trunfo que os psicólogos têm nas mãos; ajudam o paciente a aumentar as suas resistências físicas e psíquicas; preparam-no para que o paciente possa perceber os momentos difíceis através de outra óptica, deixando-o mais relaxado e confiante, o que resultará no reforço das suas defesas imunológicas. A imaginação, como a emoção, é responsável por libertar na corrente sanguínea, hormonas relaxantes ou estimulantes. Estes fazem com que os níveis de linfócitos T ou de imunoglobulina sanguínea aumentem, reforçando assim as defesas do organismo ou seja do Sistema Imunológico. A Psiconeuroimunologia considera que existem conflitos emocionais subjacentes à doença. Levar o paciente a identificar sentimentos, visualizar a sua dor , criar formas mentais de lidar com a mesma e combate-la, é tão eficiente como os processos da medicina convencional (medicamentos). Tem sido apresentados inúmeros relatos de sucesso com a aplicação desta técnica até no cuidados de pacientes com doenças oncológicas. (Simonton, 1987).

4- Orientação familiar
O Psicólogo pode auxiliar e informar no esclarecimento deste síndrome e sobre as limitações que este impõe, junto a familiares e pessoas significativas. Assim como a família pode não reconhecer o desconforto do paciente, pode também super valorizá-lo; o paciente pode por sua vez, apresentar o mesmo movimento, maximizando a sua dor por conveniência, fazendo-se de vítima, ou, revoltando-se por não sentir o seu sofrimento respeitado.

5- Psicoterapia
A abordagem deve ser grupal, semanal, com número médio de 7 pacientes, tendo a Fibromialgia como elo de ligação entre os seus participantes. O período de actividade dos grupos gira à volta dos 8 meses. Embora o foco seja o síndrome, todas as outras questões de vida surgem na dinâmica da interacção grupal. Estes pacientes necessitam que os médicos e os terapeutas lhes dêem “permissão” para que não sejam tão rígidos consigo próprios (Voeroy , 1993) .

6- Outros Tratamentos
O biofeedback permite ao paciente exercer um controlo voluntário sobre as suas funções corporais. Tem ainda por objectivo diminuir a ansiedade e a tensão e, como tal, diminuir a dor. Como o condicionamento operante está relacionado com o aumento da percepção da dor, também pode ser usado como parte do tratamento para reduzir a dor. Alguns aspectos deste tratamento tem por objectivo reforçar positivamente o comportamento de adesão e de ausência de dor, diminuindo, portanto, os ganhos secundários e a dor. Uma abordagem cognitiva ao tratamento da dor envolve factores como a diversão da atenção (isto é, encorajar o indivíduo a não se concentrar na dor) e imagética (isto é, encorajar o indivíduo a ter pensamentos positivos e agradáveis). Ambos os factores parecem reduzir a dor. Também tem sido demonstrado que a hipnose clínica reduz a dor. No entanto , não está perfeitamente claro que isto faça simplesmente parte do desvio da atenção ou não. Alguns pacientes, numa reunião de doentes com Fibromilagia – a Myos realçaram o papel das medicinas alternativas no alívio de alguma sintomatologia física, nomeadamente a acupunctura e o shiatsu.

7- Clínicas multidisciplinares de dor
Recentemente, tem sido fundadas clínicas de dor que adoptam uma abordagem multidisciplinar para o seu tratamento, e eu visam abordar os factores que causam ou exacerbam a dor. Os objectivos propostos incluem:
· Melhorar o funcionamento físico e estilo de vida: envolve melhorar o tonus muscular, a auto-estima, a auto-eficácia e a distracção e reduzir o aborrecimento, o comportamento de dor e os ganhos secundários.
· Diminuir a dependência dos medicamentos e serviços médicos: tem por objectivo aumentar o controle pessoal e a auto-eficácia e reduzir o comportamento de doente.
· Aumentar o apoio social e a vida de família: tem como objectivo aumentar o optimismo e distracção, diminuir o aborrecimento, a ansiedade, o papel do de doente e os ganhos secundários.

A DOR - Uma entidade clínica "de pleno direito"
“Para os seres humanos, a dor é um flagelo mais terrível do que a própria morte”
(Albert Schweiter)

“A dor é uma experiência sensorial e emocional suscitada por uma lesão tecidual, real ou potencial, ou que pode ser caracterizada pelas, manifestações próprias de tal lesão.”
“A dor é sempre uma sensação subjectiva.”
(IASP-Associação Internacional de Analgesia, 1979)

“Na Europa, a dor é um problema grave para a saúde pública. Muito embora seja lícito considerar a dor aguda como sistema de uma doença ou de um lesão, a dor crónica e recorrente constitui um problema específico de saúde, de tal modo que pode ser considerada como doença clínica independente.”
(Declaração da EFIC a respeito da dor como problema grave de saúde, e como entidade clínica própria, 2001)

Amas alguém com Fibromialgia?

Queridos amigos... há já algum tempo encontrei por acaso na internet este artigo sob forma de carta aberta sobre fibromialgia e as pessoas que padecem dela... o artigo original está escrito em espanhol mas acho que de tão bem defenido tem todo o direito de ser traduzido para que as pessoas possam entender-nos, respeitar-nos e amar-nos como merecemos!!

Por Norma I. Agrón.
"O propósito deste artigo é ajudar a pessoas que conhecem alguém com fibromialgia e entender-nos melhor!!
Se amas alguém com fibromialgia saberás que sofremos de dores severas que variam de dia para dia e de hora para hora. Isto não o podemos prevêr. Por isso queremos que entendas que às vezes temos que cancelar coisas à última hora e isto incomóda-nos tanto a nós como a ti!!
Queremos que saibas que nós próprios temos que aprender a aceitar o nosso corpo con as suas limitações e não é fácil! Não existe cura para a fibromialgia mas tentamos aliviar os sintomas diariamente. Atençao, não pedimos pena por isto!!
Muitas vezes sentimos-nos exaustos e não podemos lidar com mais tensão que a que temos. Se possível não juntes mais tensões ao meu corpo.
Mesmo que pareçamos bem, não estamos bem. Aprendemos a viver com dor constante a maioria dos dias. Quando nos vês felizes não necessariamente quer dizer que não temos dores... simplesmente que estamos lidando com elas.Algumas pessoas pensam que não podemos estar tão mal se nos vêm bem. A dor não se vê. Isto é uma doença crónica "invisível" e não é nada fácil conviver com isto.
Entende, por favor, que por não podermos trabalhar como antes, não é por sermos calões. O nosso cansaço e dor são imprevisíveis e devido a isto temos de fazer ajustes ao nosso estilo de vida. Algo que parece simples e fácil de fazer não o é para nós e pode ocasionar-nos muito cansaço e dor. Não necessariamente algo que fizemos ontem podemos fazê-lo hoje, mas também não quer dizer que não seremos capaz de fazer-lo novamente.
Às vezes deprimimos-nos! Quem não se deprimiria com uma dor forte e constante... dia apó dia, semana, após semana, mês apo mês, anos apóos ano... e assim sucessivamente? Provou-se cientificamente que a depressão pode encontrar-se com frequencia igual tanto na fibromialgia como em qualquer situação de dor crónica aguda! Não temos dores porque nos deprimimos mas sim deprimimos-nos porque temos muita dor e sentimos-nos incapazes de realizar pequenas tarefas que para nós eram banais antes.Também nos sentimos muito mal quando não existe o apoio e entendimento suficiente dos médicos, familiares e amigos! Por favor, entende-nos... com o teu apoio e ajuda a minha dor tornar-se-á menos pesada! Mesmo que consigamos dormir uma noite seguida não descansamos o suficiente. As pessoas com fibromialgia têm um sono de má qualidade, o que piora a dor nos dias que dormem mal.
Para nós não é fácil permanecer na mesma posição (mesmo que seja sentados) por muito tempo. Isto causa muita dor e levamos tempo em recuperar. Por isso vão fazemos muitas actividades porque sabemos o quanto isso nos pode prejudicar. Muitas vezes fazemo-las mesmo sabendo as consequências que esta atitude nos poderá trazer...
Não estamos a ficar loucos se às vezes esquecemos coisas simples, o que estamos a dizer, o nome de alguém ou dizemos alguma palavra fora do contexto. Estes são problemas cognitivos que fazem parte da fibromialgia especialmente nos dias em que temos muita dor. É algo estranho tanto para ti como para mim! Mas, vamos a rir juntos e ajuda-nos a manter o nosso sentido de humor!A maioria das pessoas com fibromialgia somos melhores conhecedores desta condição do que alguns médicos ou outras pessoas pois fomos obrigados a educar-nos para entender o nosso corpo. Assim que, por favor, se vais a sugerir uma "cura" para mim... não o faças!!
Não é porque não aprecie a tua ajuda ou não queira melhorar, mas sim porque me mantenho bastante informada e já tentei inúmeras coisas!
Sentimos-nos especialmente felizes quando temos um dia com pouca ou quase nenhuma dor, quando conseguimos dormir bem, quando fazemos alguma coisa que já há bastante tempo não conseguiamos fazer, quando nos entendem... ou tentam entender!
Verdadeiramente apreciamos tudo o que fizeste ou podes fazer por mim; incluindo o teu esforço por informar-te e me entenderes. Pequenas coisas significam muito para mim e necessito que me ajudes. Sê gentil e paciente. Lembra-te que dentro deste corpo dorido e cansado ainda estou eu! Estou a tentar aprender a viver o dia-a-dia com as minhas novas limitações e a manter a esperança no dia de amanhã! Ajuda-me a rir e a viver as coisas maravilhosas que "Deus" nos dá!

Obrigada por terem lido isto e dedicar-me mais tempo! Talvez desde agora possas entender-me melhor!
Agradeço do fundo do meu coração todo o teu inetesse e apoio!!! "

Conselhos e Estratégias

Viver com uma doença que pode ser incapacitante não é nada fácil, no entanto existem pequenas coisas que pode tentar para tornar a sua vida melhor.
Nesta secção tentamos listar algumas.

Encontre uma fonte de prazer em cada dia

Tente fazer pelo menos uma coisa em cada dia que se seja agradável ou que lhe proporcione algum prazer. Se pensar bem, encontrará algo que PODE FAZER e do qual poderá retirar algum prazer. Mesmo que não sejam as coisas que antes fazia, haverá de certo algo que pode fazer que lhe é agradável. Por exemplo pode ver um bom filme, rir com alguém, tomar um banho relaxante, ler um livro, ouvir música ou dedicar algum tempo ao seu hobby ou arte favoritos. O pior que pode fazer é desistir de ter alguma fonte de prazer no seu dia a dia por isso deixe sempre um bocadinho para algo que realmente gosta!

Nunca deixe de contactar com outras pessoas
Por vezes pode ser muito difícil manter-se em contacto com outras pessoas, ou com os amigos, no entanto faça um esforço para continuar a contactar com outras pessoas. A dor e o cansaço podem levar ao isolamento, não deixe que isto aconteça, tente sensibilizar os seus amigos para este facto, reajuste a sua vida para que possa ter algum tempo de partilha com outros. Juntar-se a um grupo de auto-ajuda pode também ser bastante benéfico neste sentido.

Alívio para a dor
Uma técnica que pode tentar utilizar para ajudar o alívio da dor, e que parece beneficiar algumas pessoas, é a utilização de uma fonte de calor directamente no seu corpo, como um cobertor eléctrico, saco de agua quente ou um saco de arroz. (Para fazer um saco de arroz é preciso apenas uma meia de algodão como aquelas baratas usadas para fazer desporto (tem de ser de algodão pois tem de ir ao microondas e pode derreter se não for algodão). Depois enche-se a meia de arroz e ata-se o cimo. Coloca-se no microondas durante 2 a 3 minutos. Esta fica muito quente e húmida (exactamente o que precisamos). Depois é só colocar na parte do corpo que está fria ou com dores.)
Outra técnica que pode ter algum efeito benéfico é tomar m banho quente com sais (sais de Epson ou outros que sejam relaxantes) e deixar o seu corpo relaxar.

Evitar Prisão de Ventre
Muitas pessoas com Fibromialgia e S.F.C. têm problemas intestinais, um desses problemas é a prisão de ventre.
Conselhos para melhorar a prisão de ventre:
Beba ou mais copos de agua por dia, principalmente durante o dia, ao aproximar da noite reduza a ingestão de agua para evitar ter de se levantar para urinar quando está a dormir;
Aumente a fibra na sua dieta, tente comer alimentos ricos em fibra, prefira grãos integrais, evite comida processada e feita com farinha não integral, aumente o consumo de vegetais e frutas como a pêra, pêssego, figo e ameixa e também frutos secos.
Coma cereais integrais e ricos em fibra ao pequeno almoço.

Estratégias para tentar reduzir o cansaço
Tente utilizar a sua energia da melhor forma possível, não desperdice a sua energia! Aqui estão algumas técnicas:Planeie e organize as suas tarefas para que possa utilizar o mínimo de energia possível, deixe tempo para descansar entre tarefas ou compromissos.

Estabeleça prioridades
Planeie as tarefas de acordo com a sua importância, colocando as mais importantes em primeiro lugar. Deixe para outro dia o que não pode fazer hoje!
Elimine todas as tarefas não necessárias e evite detalhes desnecessários, simplifique ao máximo.
Delegue em outras pessoas algumas tarefas que elas podem realizar! Não se sinta culpada/o por não conseguir fazer TODAS as tarefas, não vale a pena continuar a ter objectivos irrealistas e assim todos ficam a ganhar. Se todos contribuírem, as coisas são mais fáceis para toda a gente.

Organize tudo o mais possível para que não perca tempo e energia. Assim poderá concentrar a sua energia no que realmente necessita / precisa de fazer, descartando o acessório.Vá com calma, espalhe as actividades a realizar durante o dia e a semana, não faça tudo numa hora ou não marque todas as actividades para segunda e terça feira. Certifique-se que deixa tempo suficiente para descansar entre actividades.
Faça do sono e do descanso uma prioridade, tente o mais possível relaxar à noite e resolver quaisquer problemas (de medicação etc) que estejam a fazer com que o seu sono piore de novo.

Fonte: The Fibromyalgia Help Book, Fransen et al

Reacções comportamentais na Fibromialgia

O reconhecimento das faces do problema As reações comportamentais dos pacientes que têm que lidar com os sintomas da fibromialgia tem influência direta na evolução das manifestações. A sensação constante de não estar bem, a dor, a fadiga, os distúrbios do sono, a dificuldade de concentração e o estresse são difíceis de lidar. O paciente responde freqüentemente a essas sensações com atitudes negativas como raiva, perda da auto-estima, angústia, culpa, medo ou até as utiliza como ganho secundário. Isso ocorre porque não há nenhum marcador clínico para sua patologia, o que faz com que o paciente não seja levado a sério pelas outras pessoas.
A ansiedade está presente em 70% dos casos e se manifesta por palpitações, respiração suspirosa, tontura, sudorese, tremor, dor torácica, náuseas, calores e até pânico. O paciente deve lançar mão de técnicas de relaxamento que lhe permitam dominar seu corpo e sua mente. Medidas simples são a respiração profunda, tornar o ambiente agradável ou tentar ter uma boa noite de sono.
O rebaixamento da auto-estima decorre do permanente sofrimento físico e da fadiga e repercute no desempenho profissional, comunitário e familiar do indivíduo. É importante que o paciente adote medidas simples como direcionar-se para uma meta e para atividades gratificantes, reconhecer as próprias conquistas e evitar os pensamentos negativos na medida do possível.
A persistência dos sintomas pode desencadear sentimentos de raiva no paciente com fibromialgia. Isso só serve para agravar a tensão muscular. Recomenda-se que o paciente não perca de vista o senso de realidade, que reconheça as questões que independem do seu controle e que valorize os aspectos positivos em sua vida. Acima de tudo o indivíduo deve evitar, ao máximo, culpar os outros pelo que se está passando pois a isenção de responsabilidades dificulta o seu tratamento.
A culpa e a vergonha podem ocasionalmente acometer o paciente com fibromialgia, acima de tudo porque suas manifestações não apresentam respaldo objetivo por meio de exames. Sentimentos que acarretem derrota devem ser substituídos por atitudes positivas e construtivas.
A depressão leva o indivíduo a perder o interesse pela vida e pela própria condição. Todos os sintomas descritos acima podem estar associados ao quadro. A deficiência de serotonina no sistema nervoso, que justifica a redução no limiar de dor na fibromialgia, pode também estar envolvida nas manifestações depressivas. Assim sendo, por vezes faz-se necessário o uso de medicamentos que aumentem os níveis de serotonina, no sentido de se melhorar a condição dolorosa e afetiva do paciente. Medidas não medicamentosas, descritas adiante, servem como coadjuvante ao tratamento.
Tendências perfeccionistas são comumente observadas em pacientes com fibromialgia, os quais antes do início dos sintomas eram muito ativos do ponto de vista profissional ou comunitário. Esse quadro deve ser diferenciado do comportamento obsessivo-compulsivo, o qual não se associa com a fibromialgia. A fadiga impede o paciente de realizar as inúmeras atividades às quais ele se propõe e isso gera um temor de sofrer rejeição ou crítica. O indivíduo nessa condição deve adotar técnicas de relaxamento e não se prender a detalhes ou metas muito complexas.

A procura de soluções
A busca de técnicas que diminuam o estresse, aumentem a capacidade do paciente lidar com a fibromialgia, a auto-estima e a capacidade de interação dos pacientes tem sido objeto de interesse de psiquiatras, psicólogos, sociólogos e até de religiosos. Nesse contexto, além da abordagem médica são propostos programas que incluem aspectos educacionais, exercícios físicos, intervenção comportamental e apoio familiar.

Psicoterapia
A psicoterapia é indicada para indivíduos com fibromialgia que mantêm um bom contacto com a realidade , capazes de estabelecer relacionamentos estáveis e com capacidade introspectiva. O indivíduo, por meio da expressão verbal de seus anseios e angústias e vivências do passado, identifica os mecanismos destrutivos presentes em suas ações e pensamentos. Ao invés de ansiedade, raiva e frustrações, são elaborados mecanismos construtivos de lidar, de forma responsável, com problemas como dor, cansaço e estresse, sem obter deles ganhos secundários.

Terapia Cognitiva
A disfunção cognitiva se manifesta como dificuldade de aprendizado, retenção de informações, memória, organização e processamento de idéias e formulação de pensamentos. Essas manifestações ocorrem de forma intermitente na fibromialgia e podem ser abordadas por meio de terapia cognitiva. O terapeuta estimula o paciente a utilizar seus recursos mentais fazendo listas das atividades que terá de executar, colocando lembretes, desenvolvendo mecanismos de reduzir a distração. Ao invés do mal humor e da angústia, que apenas servem para piorar a “fadiga” mental do paciente, este aprende a desenvolver rotinas que o auxiliem em seu desempenho.

Biofeedback
Técnicas de relaxamento também são recomendadas para pacientes com fibromialgia, tendo em vista seu exagerado grau de tensão. Por meio do biofeedback o paciente aprende a controlar sua resposta corporal no sentido de minimizar a ansiedade e controlar os sintomas de dor. São utilizados eletrodos para mensurar a temperatura cutânea, freqüência cardíaca, atividade cerebral e condutividade cutânea (equivalente à tensão muscular). Exercícios respiratórios, imagens e sons relaxantes e rituais de relaxamento favorecem a liberação de endorfinas e diminui a tensão muscular. O biofeedback também auxilia na qualidade do sono e capacidade cognitiva.

Acupuntura
A acupuntura estimula a liberação de endorfinas e diminui a sensação de dor na fibromialgia, porém seus resultados são menos proeminentes, quando comparados com os das técnicas anteriormente citadas. Outras abordagens complementares incluem yoga, meditação, Tai chi.

Fibromialgia e a Vida Sexual

Dores no corpo sem explicação aparente, a Fibromialgia pode comprometer o desejo sexual de uma mulherPor Christianne ValenteDor, fadiga, depressão e modificações no padrão de sono que são, em geral, provocados pela Fibromialgia, podem ser a causa da diminuição do desejo sexual, excitação e até possibilidade de atingir o orgasmo. Atualmente, um terço das mulheres relata falta de interesse sexual e quase um quarto não consegue experimentar o orgasmo, segundo dados do National Health and Social Life Survey, nos Estados Unidos. Vinte por cento delas também apresentam dificuldades de lubrificação durante a relação e a mesma porcentagem considera o sexo uma experiência desagradável.
Além de problemas psicológicos que levam às disfunções sexuais, as causas orgânicas também podem atingir severamente a atividade sexual feminina. Estudos populacionais demonstram, por exemplo, que a disfunção sexual é mais prevalente em mulheres (43%) do que nos homens (31%). O problema é que, muitas vezes, elas passam anos sofrendo duplamente: de uma doença para a qual nunca receberam o diagnóstico e a perda gradativa do desejo sexual, provocada pela enfermidade.“A fibromialgia é uma doença que afeta diretamente a qualidade de vida dos pacientes”. Segundo a reumatologista Evelin Goldenberg, do Hospital Albert Einstein, a fibromialgia, doença caracterizada por dores generalizadas no corpo sem explicação aparente, pode incidir diretamente também na atividade sexual feminina.Estudo coordenado por Evelin na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com 40 mulheres (20 com Fibromialgia e 20 do grupo controle), mostra que entre mulheres que tinham Fibromialgia, 19 relataram problemas para chegar ao orgasmo contra 13 do grupo controle. "Sabemos que as mulheres portadoras de Fibromialgia apresentam diminuição de sua função sexual e maior dificuldade para atingir o orgasmo. No estudo, verificamos que elas também apresentaram maior necessidade de estimulação prévia por meio da masturbação antes da relação sexual", explica Evelin. "Isso pode acontecer por conta das dores pelo corpo, da sensação de fadiga e até dos distúrbios do sono, problemas que também são provocados por essa doença", revela a especialista.
Estudos americanos mostram que a Fibromialgia atinge principalmente as mulheres, cerca de 80% das pessoas que sofrem com o problema são do sexo feminino, na faixa etária entre 30 e 60 anos. "Além de dor persistente em pontos específicos espalhados pelo corpo, a Fibromialgia também causa depressão em 25% dos casos e 50% das pacientes relatam histórico de depressão ao chegar no consultório", alerta Evelin. A especialista é enfática ao concluir:"a depressão é uma doença que também influencia diretamente na vida sexual da paciente".

Vida sexual deve ser questionada
Evelin acredita que questões que abordam desejo sexual, freqüência de relações, dificuldade para certas posições, lubrificação, bem como a qualidade do orgasmo devem ser questionadas pelo médico. "Vários fatores podem ser responsáveis para a insatisfação sexual como problemas conjugais", lembra. "Um dado curioso da pesquisa é a relevância estatística da ocorrência de fibromialgia entre as mulheres casadas. Entre as 20 que tinham o problema, 15 eram casadas".
A prevalência nos consultórios médicos é alta: 2% das pessoas com alguma reclamação referente às dores músculo-esqueléticas sofrem com a doença. Nos hospitais, esse índice pula para 5% dos pacientes que chegam com reclamações de dores pelo corpo.


A Fibromialgia
Para a reumatologista Evelin Goldenberg, que realizou uma tese de doutorado sobre o tema na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Fibromialgia é de difícil diagnóstico e muitas vezes ignorada pelos médicos. “Muitas vezes, a paciente chega ao consultório com uma sacola de shopping repleta de exames feitos e nenhum diagnóstico. Outras, ela já está com úlcera de tanto tomar antiinflamatório e a dor não passar. Tudo isso, sem contar o descrédito da família”, afirma a reumatologista.
Evelin destaca que existem também outros sintomas associados à doença, como tensão pré-menstrual, bruxismo, dificuldade de digestão, vertigens e depressão. “É imprescindível uma longa conversa com o paciente para se diagnosticar a Fibromialgia. Não existe um exame específico que revele o problema”, explica. “Porém, quanto mais cedo o problema for detectado maiores as chances de recuperação, do paciente voltar a se sentir bem e conseguir retomar sua rotina”.
Fique atenta aos sintomas:- Reclamação permanente de cansaço - Dores pelo corpo- Enxaqueca - Alterações de humor - Formigamentos em braços e pernas - Um sono que não restaura as energias.

De: http://www1.uol.com.br/cyberdiet/index.htm

Reuniões da MYOS

A Myos é uma associação não médica sem fins lucrativos, para a defesa do doente e para o desenvolvimento do conhecimento dos doentes, dos técnicos de saúde e do público em geral.
Esta associação tem sede em Lisboa, e delegações no Porto, Coimbra, Viseu e Funchal. A Myos tem como âmbito o território nacional e os seus objectivos incluem a divulgação, a promoção de assistência e da investigação médicas sobre Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica e a sua terapêutica, a defesa dos direitos dos doentes e o consequente apoio a estes e suas famílias. Para a realização dos seus objectivos a Myos propõe-se: a divulgar e informar sobre as patologias, a defender o direito dos doentes junto das estruturas sociais e das entidades públicas e privadas, a desenvolver acções de solidariedade para com os doentes e a promover também acções lúdicas para o bem estar dos doentes e seus familiares no contexto da doença. Após uma série de troca de emails, foi-nos permitido assistir a uma reunião, na delegação da zona norte. Uma sexta-feira, às vinte uma horas chegamos à sede da Associação.
A enfermeira Alice coordena esta delegação na zona norte de Portugal e padeceu durante muitos anos da sintomatologia desta doença sem saber o nome da mesma. Conhece como ninguém, o sofrimento destas pessoas, e como profissional de saúde ainda tem força anímica para ajudar através do testemunho da sua situação de Vida. Estas reuniões efectuam-se mensalmente, ou seja, na primeira sexta feira de cada mês, chegamos por volta das vinte e uma horas. A sala estava repleta de pessoas. Numa primeira observação, constatamos que eram um grupo muito heterogéneo, haviam pessoas de todos os quadrantes sociais e etários. Pessoas que andaram quilómetros para lá estarem naquela noite. Fomos apresentadas como estudantes de Psicologia e ainda lhes foi revelado o nosso propósito de estarmos a elaborar um trabalho em Psicologia da Saúde e tínhamos escolhido aquele tema. Depois das iniciações formais e apresentações, a Enf. Alice lançou o tema dessa noite - O optimismo face à doença. A enfermeira Alice disse que tem que haver um conjunto de factores psicossociais para alimentar o optimismo nos doentes. Uma senhora intervém e diz que “concorda mas que não possui condições materiais para ser optimista”. Falaram acerca dos benefícios do optimismo, do pensamento positivo, de aproveitar bem cada dia e procurar em si próprio a força para tentarem viver o melhor possível mesmo que condicionados pela doença. Falaram da importância do apoio relacional, do exercício físico, de bons hábitos de comportamento de saúde e ainda de novas possíveis terapêuticas existentes no mercado. Cada um opinava acerca disso e falava acerca da sua experiência pessoal . As pessoas diziam que conseguem sorrir mas internamente sentem uma tristeza enorme, perderam a alegria, não tem vontade de sair de casa e querem andar mas como às vezes “tem as pernas presas” não o podem fazer, sentem-se revoltadas e incapacitadas, a mente quer, o corpo não obedece. A enfermeira tornou a relembrar que o tema da noite era o optimismo, portanto teriam que se esforçar para terem uma atitude optimista e mais alegre. Todos foram unânimes em que a família e os amigos são essenciais e fulcrais para manterem o optimismo. Tem que se resignar e aprender a viver com a Fibromialgia, porque apesar de se sentirem pessoas diferentes e da revolta que sentem tem que aceitar a nova realidade, não se pode deixar que a doença nos enterre, dizia uma senhora e sintetizou muito bem a ideia que era subjacente ao grupo. Apesar da cronicidade da doença, da incompreensão familiar, médica e social, os doentes tem que lutar, levantar a voz e fazerem valer os seus direitos na cultura da sociedade em que estão inseridos. Uma doente, dizia também que: Qualquer tipo de vitória (vestir-se, andar ou até mesmo vencer algum estado depressivo) fazia-a sentir-se feliz e realizada.
A capacidade de rir em comum é a essência do Amor, citava a enf. Alice. No entanto, apesar da moderadora tentar manter um estado optimista e alegre, a comunicação inter-grupal começou a fluir para os aspectos médicos da doença. Queriam saber acerca de novos tratamentos e novos profissionais que lhes desse algum tipo de cura ou até esperança. A enf. Alice começou por descrever o processo do doente, ou seja, as etapas que o doente enfrenta.
1- Relatório medico, incluindo toda a informação possível , mesmo as queixas do doente.
2- Medicação
Se o doente não melhorar, solicita a consulta de dor, através de uma carta (P1) e envia aos hospitais centrais.
No Porto, as consultas de dor existem nos hospitais S. João e Santo António. A moderadora relembrou que ainda não existe cura e a medicação não é suficiente, funciona mais como um tratamento paliativo. Observamos que a sessão serve principalmente para esclarecer dúvidas, tipos de medidas a adoptar, como encontrarem médicos e como podem serem atendidos o mais depressa possível, a morosidade do atendimento medico foi uma queixa permanente durante a reunião. Contudo apesar de medicados continuam sempre com queixas e relembrou-se o papel fundamental do tratamento contínuo e do apoio psicológico a estes doentes. Uma doente relembrou que não tinha tempo para fazer tratamentos fisiatricos. Outra ainda disse que um dos médicos que consultou não lhe diagnosticou o síndrome de Fibromialgia, mas sim o diagnóstico de que ela padecia de uma doença do fígado.
Outra também disse que um médico constatava sempre que a Fibromialgia era uma doença dos ricos, devido ao caso da Maria Elisa, uma figura publica que preside à Myos.
Deveras curioso é o facto de que 90% dos casos detectados, são pessoas provenientes de um estrato social elevado. Falou-se também que uma crise de Fibromialgia pode durar 2/3 meses e que entre 10 a 12 % dos doentes tentavam o suicídio. Numa visão geral, falaram acerca do que citamos em cima, mas chamou-nos a atenção 2 casos.
Um acerca de uma mulher com dois filhos adolescentes, que se encontrava numa situação de desespero, frisou que só pensava em suicidar-se, que não aguentava mais a incapacidade e o sofrimento psicológico que a doença lhe provocava e acarretava nas vertentes biopsicossociais da sua vida. Nesta altura, intervimos dizendo que era aconselhável procurar urgentemente ajuda de um profissional de Psicologia.
Ficou constatado as consequências psicológicas do pós-conhecimento deste síndrome e em como a Psicologia tem um papel fulcral na reabilitação destes doentes.
Outro caso, foi uma senhora, na casa dos 30 que lhe tinha sido diagnosticado há 2 dias e simplesmente não aceitava que padecia dessa patologia. Revelou-nos que ali na reunião para se aperceber que não era como os outros membros do grupo mas que o marido tinha insistido. Observamos que ela estaria simplesmente a fazer um evitamento da sua nova situação, que talvez preferisse continuar a consultar os serviços de saúde porque não poderia jamais ter aquela doença. Talvez tivesse esperança que todos os seus sintomas fossem passageiros e ficaria curada com algum tipo de tratamento. Observamos que estas reuniões mensais são uma ajuda de suporte emocional e cognitivo para os doentes. São cruciais na partilha da dor e novas informações que possa haver acerca da doença. Servem como esperança e amizade numa situação deveras angustiante para quem tem Fibromialgia.
Chorou-se, riu-se, falou-se bastante e constatamos que existe um grupo coeso de pessoas que sofrem bastante. Na nossa opinião estes grupos são como uma catarse de emoções que são libertadas ali. Sentimos através do testemunho de várias pessoas, que não é nada fácil viver-se com Fibromialgia. O nosso muito obrigada a estas pessoas por nos terem demonstrado que sofrem mas arranjam alternativas de combate à doença. O facto de termos assistido, de termos conhecido todas aquelas pessoas, que sofrem na pele a doença, provocou em nós um certo sofrimento. Tentamos através do nosso trabalho passar todas as formas de sentir ou seja, os aspectos biopsicologicos dos doentes que tem Fibromialgia e o Síndrome de Fadiga Crónica. O profissional de Psicologia tem um papel fulcral no alívio de alguma da sintomatologia evidenciada por estes pacientes.

O que é a Fibromialgia?

A fibromialgia é uma síndrome complexo que se caracteriza pela existência de dores generalizadas, pelo cansaço externo e perturbação do sono, este factores estão por vezes associados a outros sintomas, traduzindo-se numa condição física debilitante e crónica. Acomete principalmente a pacientes do sexo feminino, na proporção de oito (8) mulheres, para cada homem, entre as idades de doze e cinquenta e cinco (12 e 55) anos, independentemente da classe social ou raça a que pertence.
A etiologia ainda é desconhecida, embora várias teorias tentem encontrar uma origem para a dor, muitas pesquisas procuram dados para caracteriza-la como doença.
A fibromialgia tem sido referida como um estado invisível, tendo em conta a inexistência de nenhum exame laboratorial ou de imagem (RM; TAC; RX), que consiga detectar a presença deste síndrome. Normalmente perante a presença de sintomas de dor generalizada o médico solicita alguns dos exames referidos para despistar algum tipo de doença que acarretem estes sintomas, tais como, hipotireoidismo, artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistémico, síndrome dolorosa mio facial), contudo poderá existir a possibilidade de ocorrerem em simultâneo.

Sintomas associados:

· Fadiga: os pacientes queixam-se de uma grande perda de energia física e mental, resultante de pouca ou nenhuma actividade física.
· Sono: alteração do sono, tanto na qualidade do sono, sono leve, apneia nocturna, não possibilitando o descanso necessário. Os pacientes queixam-se que acordam mais cansados do que quando se deitaram.
· Rigidez matinal: a rigidez matinal é de curta duração, causando por vezes desânimo para realizar as tarefas matinais.
· Sensação de edema e/ou formigueiro nos membros superiores e inferiores.
· Dor de cabeça crónica
· Dificuldades de memória, causando um prejuízo na lógica do pensamento.
· Mentais e cerebrais: aparece quase sempre a depressão e associada a esta os sentimentos de culpa, perfeccionismo. Falta de concentração, visão nublada ou vista cansada, irritabilidade, ansiedade.
· Músculo-esqueléticos: dor aguda generalizada, entorpecimento dos músculos, tensões e ligamentos. As dores podem variar de intensidade e de forma, podendo existir vários tipos de dor (dor aguda, dor contínua que muda de intensidade, dores que mudam de sítio no corpo, sensação que os músculos se movem sozinhos, dificuldade em engolir e dor na articulação temporo-mandibular, dor no peito)
. Fraqueza muscular e por vezes a sensação de que impulsos eléctricos estão a atravessar o corpo.
· Dérmicos e cutâneos: sensação de que existe algo a andar na pele, coceira, erupções cutâneas e por vezes inchaços nas palmas das mãos e solas dos pés.
· Gastrointestinais: problemas intestinais, Síndrome do Cólon Irritável que inclui gases, dores, obstipação e/ou diarreia.
· Sintomas relativos aos órgãos genitais e urinários: sensação de irritação nos lábios vaginais, dores na vulva, dores vaginais, aumento das dores menstruais e uterinas, dor durante o acto sexual, infecções urinárias frequentes e sensação de precisar de urinar frequentemente.
· Outros sintomas associados: congestão nasal excessiva, unhas e cabelo quebradiço, sabor amargo e/ou metálico na boca, sensação de boca seca, zumbido nos ouvidos e grande sensibilidade ao frio. Sobre os aspectos psicológicos do Síndrome de fibromialgia, abordaremos mais adiante, quando for mencionada a forma de tratamento. Veremos como a psicologia poderá colaborar na melhoria da qualidade de vida deste pacientes, expostos a tantos sofrimentos físicos e emocionais, com prejuízo da sua capacidade funcional, nas actividades profissionais, na sexualidade, na sociabilidade, impondo restrições progressivas à vida de cada um.

(Martinez, 1998)

Novo Grupo de Apoio a Fibromialgicos

A AURPIM vai proporcionar aos fibromialgicos a possibilidade de se poderem reunir nas suas intalações, no último sábado de cada mês das 15h00 às 17h00.
Estas reuniões serão de inter-ajuda, apoio e informação aos doentes portadores de Fibromialgia.
Para quem tiver interessado em participar nessas reuniões deverá dirigir-se à secretaria da AURPIM e fazer a sua inscrição ou por email enviado à GAF.


Este grupo não é só um grupo de ajuda e apoio para os fribromialgicos... serve também para as famílias e amigos que amam estas pessoas e não conseguem lidar nem entender esta doença!

Agradeço a colaboração, disponibilidade e o carinho que a Dr.ª Cátia Sousa Marques dispensou à nossa iniciativa disponibilizando-se de imediato para ajudar no que for possível!
Desde já e em nome de todos nós, um muito obrigada!!

Coordenadora: Elsa Marina Costa
Técnica Assistente: Dr.ª Cátia Sousa Marques

AURPIM
Av. Luis de Camões, 12-AMiratejo - Corroios
Tel.: 21 255 94 79

GAF - Grupo de Apoio a Fibromialgicos
email: GAF.grupoapoiofibromialgia@live.com